sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Cidades renovadas

Em vários pontos do planeta, áreas degradadas, antes ocupadas por indústrias, passam por recuperação para dar lugar a edifícios residenciais


"O novo uso ajuda a revitalizar o espaço urbano", diz Jaime Ohata, diretor da consultoria de meio ambiente Geoklock, de São Paulo. Na Europa, esse movimento é comum. O escritório americano Moore Ruble Yudell, por exemplo, aproveitou um local onde funcionava uma fábrica de carros, na cidade sueca de Malmö, e implantou ali um conjunto de prédios (acima).

Antes trocou parte do solo contaminado com agentes químicos por terra limpa e incluiu no paisagismo plantas que absorvem substâncias tóxicas. Grandes construtoras paulistas também aderiram à onda. "Bem localizados e mais baratos, esses terrenos são bom negócio para abrigar imóveis de alto padrão e assim garantir retorno comercial do alto custo de tratamento", fala Antonio Setin, presidente da construtora Setin. "O uso só é liberado diante de um plano de intervenção que garanta a segurança do futuro empreendimento", diz Elton Gloeden, gerente de Áreas Contaminadas da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

É SEGURO MORAR AQUI?
Para conseguir um parecer da prefeitura de São Paulo, que libera o uso da área comprometida, as construtoras são obrigadas a apresentar um plano de descontaminação. "Ele deve eliminar qualquer risco à população", diz Rodrigo César Cunha, gerente de Gestão de Recursos para Investigação e Remediação de Áreas Contaminadas da Cetesb. Por lei, eventuais restrições de uso do solo ou da água subterrânea ficam registradas na escritura do imóvel e podem ser consultadas. "Antes da compra, verifique se o endereço integra uma lista de áreas comprometidas já reabilitadas", indica. A da Cetesb pode ser conferida no site www.cetesb.sp.gov.br.

Fonte: Arquitetura & Construção

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Cimento: use com sabedoria

Nossa indústria cimenteira é a mais sustentável do mundo: ela emite 30% menos CO2 que a média global. Esse índice pode melhorar ainda mais. Entenda como isso acontece e saiba qual o seu papel


A produção de cimento responde por nada menos que 5% das emissões totais de CO2. O perigo está na receita do produto, cuja base chama-se clínquer, mistura de calcário e argila. Altamente poluente, ela é obtida em fornos que chegam a até 2 mil °C de temperatura. Ao diminuir a porcentagem desse componente, substituindo-o pelas chamadas adições, a indústria brasileira reduz a quantidade de CO2 lançada à atmosfera. Dessas novas composições surgem as seguintes classificações: o CP III, cimento feito com até 70% de escória das siderúrgicas; o CP IV, que leva de 15 a 50% de cinzas volantes (resultado da queima do carvão em termelétricas); e o CP II, composto que emprega escórias (CP II-E), cinzas volantes (CP II-Z) e calcário (CP II-F) em proporções entre 6 e 34%. Os números são de Arnaldo Battagin, chefe dos laboratórios da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

Afora os filtros que reduzem a poluição, há ainda outras formas de amenizar os danos ambientais causados pelo setor. Além disso, "a maioria das empresas substitui parte do combustível fóssil queimado nos fornos por biomassa ou lixo, como pneus usados," explica Arnaldo. Denominado coprocessamento, esse expediente é adotado por 37 das 51 fábricas nacionais que produzem clínquer.

Enquanto a média mundial de emissão de CO2 chega a 900 kg por tonelada de cimento, no Brasil esse número cai para 600 kg. Carlos Eduardo de Almeida, diretor de assuntos corporativos da Holcim Brasil, assegura que esse quadro pode melhorar ainda mais: "Com o coprocessamento, adições e uso de biomassa nos fornos, temos margem para diminuir a 430 kg". Mas não é apenas o parque industrial que se esforça em suas iniciativas sustentáveis. Correndo por fora, já começam a aparecer outras ações com a mesma intenção. Em Cantagalo, RJ, a unidade da Lafarge, em parceria com a prefeitura, usa todo o lixo urbano reciclável produzido na cidade como combustível na produção.

A iniciativa da Camargo Corrêa vai em outra direção, trazendo os moradores do entorno das fábricas para discussões relacionadas à comunidade, atuando em conjunto com ela. O Brasil também age fortemente no cenário internacional. Os principais grupos brasileiros integram o Cement Sustainability Initiative (CSI), entidade que reúne os 18 maiores produtores do mundo ao redor da mesa que tenta reduzir as emissões de CO2. José Otávio Carvalho, presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic), avisa que o Brasil é o país com o menor potencial. E não vai aí uma conotação negativa. Acontece que o país "já avançou muito em sua lição de casa", analisa. Na outra ponta, a do consumidor, a realidade muda. A arquiteta Diana Csillag, do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), alerta para os ajustes a serem realizados por quem usa o cimento e o concreto. E dá a radiografia da situação: grande desperdício nas pequenas obras, ausência de gestão eficiente no canteiro, falta de projetos com estruturas mais racionais. "Muitas vezes, elas são superdimensionadas e gasta-se mais cimento do que o necessário", afirma. Diana não está sozinha na sua constatação.

Pesquisador de técnicas e materiais sustentáveis, o arquiteto paulista Tomaz Lotufo faz coro com ela. E não acredita que aumentar as adições, tornando o sistema menos agressivo, seja suficiente para classificar o cimento como ecológico. "Temos sempre que usá-lo com parcimônia", ensina. Para Tomaz, o consumidor também pode minimizar os estragos feitos ao meio ambiente. Ao contratar um profissional, deve pedir um projeto com baixo consumo energético. Para ele, isso precisa estar à frente de uma exigência simplesmente estética.

Só para lembrar: "o CP III", conta Arnaldo Battagin, "já é produzido no Brasil desde a década de 50". Sessenta anos depois, talvez seja a hora de o consumidor fazer também a sua lição.

OS NÚMEROS DO SETOR
- 5% das emissões globais de CO2 são geradas pela indústria cimenteira. No Brasil, o setor representa menos de 2% delas.
- 20 bilhões de toneladas de concreto foram utilizadas em todo o mundo em 2009. O produto é o segundo mais consumido pelo homem. Perde apenas para a água.
- 271 kg foi o consumo médio per capita de cimento no Brasil em 2009. Na China, esse número quase quadruplica.

A SUA PARTE NESTA HISTORIA
Na hora de comprar e usar o cimento, vale a pena adotar alguns critérios. Vejas as dicas da arquiteta Diana Csillag:

- Escolha bons fabricantes: não existe sustentabilidade sem formalidade, legalidade e qualidade.
- Exija do responsável por sua obra cuidados na execução e na gestão do canteiro para evitar excessos e desperdícios.
- Priorize, sempre que possível, cimento com menor percentual de clínquer, como o CP III e o CP IV.
- Dê preferência a empresas com projetos reconhecidos de responsabilidade socioambiental.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Paris disponibiliza carros elétricos para aluguel

Autolib nas ruas da capital francesa. Meta é disponibilizar 2 mil veículos até junho de 2012


Incentivar que as pessoas deixem seus carros em casa para utilizarem veículos elétricos, mais econômicos e ambientalmente adequados. Este é o objetivo do projeto "Autolib", que já disponibiliza 60 automóveis do tipo autosserviço desde domingo, 2 de outubro, nas ruas de Paris.

São 10 pontos de retiradas e devolução dos pequenos veículos colocados à disposição do público em diferentes bairros da cidade. Ainda em fase de testes, o dispositivo deverá estar acessível com pelo menos 250 veículos até o dia 5 de dezembro - este número deve aumentar para 2 mil até o fim de junho de 2012.

A ideia segue o princípio das bicicletas de autosserviço, as "Vélib", que tiveram muito sucesso e funcionam desde 2007.

O Bluecar deve ser retirado em um ponto e devolvido em qualquer outra estação. O sistema de veículos de autosserviço já existe em outras grandes cidades como Nova York, a inovação francesa é que os carros são totalmente elétricos. A bateria tem capacidade para fazer o Bluecar rodar por 250 km na cidade e 150 km fora dela com uma velocidade limitada em 130 km/h.

A primeira meia hora de utilização custa entre 5 e 7 euros, de acordo com o desconto, a segunda entre 4 e 6 e o resto entre 6 e 8. A Bolloré (empresa fabricante) investiu 200 milhões de euros neste projeto, aos quais se somam os 35 milhões fornecidos pelo governo local, sendo 50 mil por cada estação construída.

Segundo o fabricante, para que o sistema seja rentável são necessários 80.000 utilizadores. "Este serviço vai complementar os de transporte e táxis. Nossa vontade consiste em aumentar a oferta de transporte", explicou à AFP Annick Lepetit, presidente do sindicato "Autolib".

Os quatro primeiros anos serão decisivos para o sucesso do projeto. O presidente da fabricante, Vincent Bolloré adiantou que já discute a implantação do sistema em outras cidades.