segunda-feira, 30 de maio de 2011

Casas Verdes

Três iniciativas inovadoras, aqui mesmo no Brasil, mostram o potencial das moradias conectadas com o meio ambiente

Estamos apenas engatinhando. Apesar dos eletrodomésticos e eletrônicos cada vez mais eficientes em consumo de energia, nossas casas ainda estão longe de ser realmente ecológicas. Mas por pouco tempo – não faltam profissionais por aqui empenhados em desenvolver tecnologias verdes. Três projetos nascidos em solo nacional, um deles já em escala comercial, mostram que esse ideal já é viável.


Usina doméstica
Imagine uma casa dotada de 64 painéis solares fixados às paredes, capazes de gerar 100% da energia consumida na casa – e até vender o excedente. Esta é a proposta da Casa Solar Flex, criada em parceria pela USP, Unicamp, UFRJ, UFMG, UFSC e UFRGS. A casa, ainda em fase de projeto, terá sistema de reúso de água e itens de automação residencial inteligentes de fazer inveja aos Jetsons, como persianas reguladas automaticamente de acordo com a luminosidade. As paredes vão reter calor no frio e esfriar o ambiente no verão, e os aparelhos de ar-condicionado só esfriarão os cômodos ocupados. 



Integrada ao ambiente
Erguida em 2006 no pátio da Eletrosul, em Florianópolis (SC), em parceria com a UFSC, a Casa Eficiente é uma vitrine de tecnologias de ponta. A construção aproveita as condições climáticas locais, como a radiação solar e os ventos, para gerar energia. Os materiais (madeira, bambu, tijolos e telhas) foram extraídos de fontes renováveis das redondezas, reduzindo o gasto com combustível, enquanto as esquadrias e telhados garantem conforto térmico de maneira natural, eliminando a necessidade de aquecimento elétrico. Para completar, a coleta das chuvas e instalações hidráulicas com dispositivos economizadores proporcionam 54,4% de economia na conta de água. 



Ao alcance de todos
A cimenteira Holcim, em parceria com a UFRJ, lançou no ano passado um modelo de moradia popular sustentável: a Minha Casa Holcim. Com 46 m², dispõe de dois quartos, mas há mais quatro configurações possíveis, inclusive com suíte e closet. O pacote completo, vendido nas lojas de material de contrução, custa cerca de R$ 1000 o m² – a primeira capital a receber o produto foi Vitória, no Espírito Santo. O cardápio de inovações inclui um sistema construtivo (blocos de concreto) que dispensa vigas e economiza acabamentos; telhado com isolante térmico; aproveitamento da água da chuva; local para armazenar lixo reciclável e óleo de cozinha usado; e aberturas maiores que favorecem a iluminação natural e a ventilação.



Fonte: Casa & Construção

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Um exemplo de selo Casa Azul

Sob a bandeira das boas práticas para habitação mais sustentável, a CAIXA lança um Guia de Sustentabilidade Ambiental que orienta como desenvolver projetos que mereçam o Selo Azul. Detalhes sobre a pontuação e os critérios estão na publicação que pode ser baixada por download aqui.
Apesar de ter sido executada antes do lançamento deste material, a casa da arquiteta Alice Martins, em São Paulo, contempla muitos pontos essenciais para se viver em um ambiente sustentável. Seu projeto, realizado em parceria com seu sócio Flávio Butti, se mostrou gentil com o meio ambiente e afinado com o estilo de vida da família. O terreno de 240 m2 comporta 284 m2 de área construída, dividida em dois pavimentos. “Pensamos em soluções sustentáveis que muitas vezes não conseguimos incluir em obras de clientes já que o investimento ainda é alto e o retorno, só a médio e longo prazo. Mas a sensação de estar colaborando com o meio ambiente é muito boa”, explica Alice. Com diferentes graus de complexidade, as propostas adotadas são consequência até da voz dos filhos da arquiteta, de 12 e 6 anos, responsáveis pela coleta seletiva de lixo – exemplo que trouxeram da escola. “Inclusive no supermercado, eles fazem questão de levar as compras em caixas, utilizando o mínimo de sacolas plásticas”, diz a mãe orgulhosa. 

A procedência dos materiais da obra também foi conferida de perto. E para preservar a arquitetura original e gerar menos entulho, ela optou por restaurar a fachada. Grandes aberturas permitem luz natural em abundância. Iluminação artificial só à noite, com LED ou lâmpadas fluorescentes. No jardim lateral, o deck camufla o engenhoso sistema de captação de águas pluviais, com tubulação, cisterna e demais recursos necessários para o reaproveitamento da água da chuva. Está aí uma experiência em que a família e projeto estão em sintonia com o meio ambiente.



sexta-feira, 6 de maio de 2011

Tijolos Ecologicamente Corretos

Ao pesquisar na internet uma maneira de construir que fosse sustentável, me deparei com um assunto que achei muito interessante: Tijolos ecoeficientes. O que mais me impressionou é que são diversas possibilidades de se fazer tijolos que sejam sustentáveis.

O tijolo é matéria-prima básica da construção civil nacional, independente da classe social, tipo de construção ou mesmo local, pois ele está presente na maioria das edificações. Mas para que possa ser fabricado o tijolo convencional (alvenaria) precisa ser cozido em fornos nas olarias e dessa forma é necessário queimar muita lenha. A titulo de exemplificação, para cada milheiro de tijolos, são necessárias aproximadamente cinco a dez árvores, que, alem de poluir a atmosfera e aumentar os desmatamentos, os tijolos convencionais agravam o efeito estufa.

O tijolo ecológico é diferente do tijolo convencional ele é feito por prensa hidráulica e não precisa ser cozido em fornos, eliminando assim a utilização de lenha e a derrubada de dez árvores para a fabricação de mil tijolos. Sem lenha também não há fumaça e, por conseqüência, não há emissão de gases de efeito estufa. Além disso, sua composição é formada por terra, água e cimento. Segundo estudos realizados em todo o Brasil, o sistema construtivo dos Tijolos Ecológicos traz para a obra, de 20 até 40% de economia com relação ao sistema construtivo convencional. Um dos motivos é que não há desperdício, como neste último. “Hoje em uma obra convencional cerca de 1/3 do material vai para o lixo”.

Para que possamos tentar mostrar as vantagens desse tijolo, segue uma pequena listinha:


1. Diminui o tempo de construção em 30% com relação a alvenaria convencional, devido aos encaixes que favorecem o alinhamento e prumo da parede;
2. Estrutura - As colunas são embutidas em seus furos, distribuindo melhor a carga de peso sobre as paredes, o que cria uma estrutura muito mais segura;
3. Redução de uso de madeiras nas caixarias dos pilares e vigas em quase zero;
4. Economia de 70% do concreto e argamassa de assentamento;
5. Economia de 50% de ferro;
6. Os Tijolos Ecológicos são curados com água e sombra, diferente dos tijolos convencionais que dependem da queima de milhares de lenhas queimando em fornos e contribuindo demasiadamente com o aquecimento global e com desmatamentos;
7. Durabilidade maior do que o tijolo comum, pois chega a ser até 6 x mais resistente;
8. Alivia o peso sobre a fundação evitando gastos desnecessários com estacas mais profundas e sapatas maiores;
9. Fácil 
acabamento. Se preferir não precisa rebocar e pintar, economizando mais ainda. Os Tijolos Ecológicos já possuem um lindo acabamento, semelhante aos tijolos aparentes, necessitando o uso de apenas um impermeabilizante a base de silicone ou acrílico, e rejunte flexível (varias cores da vedacit e votaran);
10. 
Revestimento é simples usando-se direto sobre tijolo apenas uma fina camada (5mm) de reboco, textura, gesso ou graffiato;11. O assentamento dos azulejos é direto sobre os tijolos;
12. Obra mais limpa e sem entulhos;
13. Acústica - Como o tijolo ecológico possui dois furos, as paredes formam um isolamento acústico, diminuindo os ruídos provocados na rua para o interior da casa;
14. Isolamento Térmico (calor) – O furo dos tijolos, são importantes pois formam câmaras térmicas evitando com isso que o calor que esta do lado de fora penetre no interior da residência. Com isso a temperatura interna é inferior a externa;
15. Isolamento Térmico (frio) – Com o Frio acontece ao contrario, pois a temperatura da casa fica mais quente do que a externa;
16. Proteção de Umidade - Esses furos também propiciam a evaporação do ar, evitando com isso, a formação de umidade nas paredes e interior da construção, que causa danos à saúde e danos materiais;
17. Instalações Hidráulicas - Toda a tubulação é embutida em seus furos dispensando a quebra de paredes, como na alvenaria convencional;
18. Instalações Elétricas - Como as instalações hidráulicas, também são embutidas nos furos, dispensando conduites e caixas de luz, podendo os interruptores e tomadas serem fixados, diretamente sobre os tijolos.


Em algumas cidades do Brasil, uma tecnologia 100% brasileira vem sendo implantada com sucesso na fabricação de tijolos que não precisam ser cozidos, são auto-encaixáveis e dispensam qualquer tipo de acabamento. É o tijolo ecológico, que aproveita como matéria-prima o solo da própria fábrica, resíduos de pedreiras e cimento. Entre outras iniciativas, o tijolo ecológico inspirou um projeto de ressocialização em uma penitenciária do Complexo de Bangu, no Rio de Janeiro, e é matéria-prima de conjuntos habitacionais que estão sendo construídos em algumas cidades de Rondônia, como Pimenta Bueno e Ministro Andreazza.

É possível também encontrar tijolos feitos de esterco e existe inclusive uma espécie de fábrica especializada nessa fabricação.

A empresa produz tijolos a partir de esterco de vacas, e segundo os proprietários, os produtos são mais resistentes, mais leves e muito menos prejudiciais à natureza.

Além de ajudar a natureza com a redução na emissão de CO2 na hora da fabricação, o tijolo de esterco evita a exploração de áreas para a retirada de argila. A matéria-prima é abundante e sua utilização é benéfica para a higiene dos locais.

Outro fato importante é o aumento de renda que esta prática pode trazer para os fazendeiros. Durante o processo de combustão é utilizado metano, ao invés de madeira.

Há ainda tijolos que tem na sua produção isopor. A iniciativa surgiu de um empresário de Santa Catarina que recebeu um pedido de um projeto para uma casa de praia com isolamento térmico. Logo após o início das obras, percebeu que seria impossível atender ao pedido sem estourar o orçamento previsto. Então, descobriu que uma cooperativa de reciclagem queria se desfazer de uma grande quantidade de isopor que atravancava seus depósitos. “Como o isopor é isolante térmico, achei que era possível acrescentar o material na composição dos tijolos para aproveitar esse efeito sem gastar muito”, diz o empresário, que aceitou a doação do isopor, fabricou os tijolos e os utilizou para construir a casa do cliente. A idéia deu tão certo que foi criada uma fábrica especializada nesse tipo de fabricação de tijolos, que são sem sombra de duvidas sustentáveis.

Alem de aproveitar resíduos de pedreiras e cimento, conforme anteriormente comentado, há a possibilidade de fabricar tijolos que utilizem 40% de sua constituição com resíduos de construção civil.

Segundo um estudo de profissionais da área realizado em São Paulo (que pode ser visto nesse link:http://www.ppgec.feis.unesp.br/producao2004/Engenharia%20sustent%E1vel%20-%20Aproveitamento%20de%20res%EDduos%20de%20constru%E7%E3o%20na%20composi%E7%E3o%20de%20tijolos%20de%20solo-cimento.pdf) a qualidade e resistência são bastante similares.


Tem até tijolo de plástico, que foi apresentado em Milão, na semana de Design: feito de plástico reciclado. Segundo a fabricante inglesa, as peças podem ser utilizadas na construção de casas e até prédios. Cada tijolo tem 33centímetros de comprimento por 25 de altura. Para montar uma casa, basta ir encaixando um no outro, tal qual no Lego, clássico brinquedo de construção.

Como são leves – cada peça pesa, no máximo, cerca de 3 quilos – e dispensam materiais como vigas de metal e cimento, os tijolos exigem menos transporte e processos industriais, o que alivia a emissão de poluentes. A fabricante garante que os tijolos oferecem isolamento térmico e acústico, e até proteção contra terremotos.

Existe ainda o tijolo feito de lodo retirado de ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) industriais. A “tecnologia” foi desenvolvida por estudantes de engenharia de Produção Civil da Uniube (Universidade de Uberaba), foi aprovada e venceu o concurso Mãos à Obra/Precon, cuja premiação foi anunciada durante o Minascon/Construir Minas 2010, principal evento da construção civil e que é uma iniciativa da Câmara da Indústria da Construção da Fiemg. A idéia surgiu quando os estudantes viram os resíduos gerados na região como uma boa opção. O que mais chamou a atenção foi o lodo dos decantadores das Estações de Tratamento de Efluentes (ETE) das indústrias, que usaram como matéria-prima na fabricação de tijolos destinados à construção de habitações de interesse social.

Outros produtos ecológicos podem ser desenvolvidos nas mesmas prensas além dos tijolos, o bloco estrutural (como suas dimensões são maiores que as dos tijolos otimizam ainda mais o custo final da obra), canaletas, meio-tijolo/bloco e pisos tátil ou liso também podem passar pelo mesmo processo sustentável de produção.



Você pode encontrar esses produtos no site: