quarta-feira, 27 de julho de 2011

Empreiteira Escola

Em 2004, a ONG Lua Nova criou uma “Empreiteira-Escola” que forma jovens mulheres para trabalhar na construção civil e, ao mesmo tempo, as capacita para serem multiplicadoras da tecnologia - que passou a ser chamada: “Construa sua Vida”. Numa primeira fase, as jovens estão aprendendo a técnica de fabricação dos tijolos e pintura em parede. E já começaram as construir suas próprias casas como projeto-piloto.
Num segundo momento, poderão prestar serviço (produzindo e vendendo tijolos, construindo casas), bem como capacitar outras mulheres para o trabalho. O público-alvo inclui a população de baixa renda que sonha com a casa própria, bem como prefeituras com políticas sociais de habitação popular. Desde o início, a Lua Nova se vinculou a diferentes parceiros para viabilizar a idéia: Ação Moradia (organização social sediada em Uberlândia-MG, desenvolve projetos de fabricação e autoconstrução de casas de tijolos ecológicos), a Faculdade de Engenharia de Sorocaba (que desenvolve tecnologias de construção de casa de baixo custo), a Physis e Mundo Pet (organização social ligada a reaproveitamento de materiais) e o Centro Nordestino de Medicina Popular (para o aprendizado de hortas medicinais).

Por que tijolos?
As estatísticas mostram que o déficit habitacional afeta 83,2% das famílias brasileiras que recebem três salários mínimos ou menos. Além disso, existem mais 6 milhões de habitações totalmente precárias, pelo seu tipo ou por sua localização inadequada, sem acesso aos serviços públicos urbanos - este é o déficit qualitativo. A demanda por habitação cresce 5% ao ano, é uma demanda anual por 600 mil novas unidades, só por causa do crescimento da população. As jovens residentes da Lua Nova fazem parte dessa população excluída do direito à moradia. Ao sair da residência, passam a viver de aluguel, no qual investem grande parte da sua renda. Além de proporcionar uma alternativa para as jovens terem sua casa própria, a “Empreiteira-Escola” quer transformá-las em agente de transformação da realidade comunitária, gerando ao mesmo tempo trabalho e renda. Sabe-se que a venda de tijolos ou de serviços poderá gerar renda de, no mínimo, 2,5 salários às jovens residentes da Lua Nova, havendo, também, a possibilidade de firmar convênios públicos e com empreiteiras.

Para quê?
No processo de autonomia e inserção social das jovens, a conquista de um espaço onde mora com seus filhos, com tranqüilidade e estabilidade, é essencial. É uma condição concreta para viver em família e se inserir na comunidade. O diferencial do projeto está na construção e prestação de serviços feitos por jovens mulheres, incomum ao setor da construção civil, com potencial de qualidade e confiabilidade. Oferecer moradia às famílias carentes, ensinando-as a conquistar esse bem, demonstrar que é possível construir casas de baixo custo sem perder a qualidade, utilizar técnica simplificada e econômica de tijolos ecológicos e produzir coletivamente agregam simplicidade e resultados no resgate da dignidade e desenvolvimento sustentável de comunidades.







sexta-feira, 22 de julho de 2011

Estado do RJ decreta uso de tijolos ecológicos

Em todo o Estado, projetos habitacionais terão que prever construções que utilizem tijolos ecológicos.


O Rio de Janeiro publicou (11, julho, 2011), a sanção do governador Sergio Cabral ao decreto da Assembléia Legislativa, criando o Programa de Uso do Tijolo Ecológico e oficializando a adoção do mesmo na elaboração de projetos habitacionais, em todo o território do estado.

A lei, de número 6006, sancionada em 08 de julho (2011), considera o tijolo tipo ecológico aquele que possui em seu processo de fabricação a mistura de pó-de-pedra, cimento e cal, e que, prensado a 12 mil quilos, necessita apenas de água para endurecer, dispensando a utilização de forno para aquecimento.

Dentre outras características, o tijolo do tipo ecológico é auto-encaixável, com dois furos no meio, o que suprime a necessidade de quebrar a parede para fazer instalação elétrica e hidráulica.

A lei ainda será regulamentada. Já é certo que o Poder Executivo desenvolverá campanha de incentivo ao uso de tijolos ecológicos e reaproveitamento de entulhos, oriundos de demolições e construções, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro. 

Fonte: imovelweb

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Qual o tamanho da sua pegada ecológica?

Você já parou para pensar no tamanho da sua pegada ecológica, ou seja, no impacto que você causa ao meio ambiente a partir das suas ações diárias? Pois é, quem faz essa conta se assusta com os resultados... Entretanto, há várias maneiras de mudar a sua forma de agir para adotar uma postura responsável com relação ao meio ambiente!

É possível reduzir o consumo de alguns produtos que geram muitas embalagens e que agridem o meio ambiente. E ainda pode-se optar pelo consumo de produtos e serviços disponíveis no mercado, que traduzem uma ideia de respeito à natureza. Procure se informar sobre o que você compra, sobre a postura do fabricante, sobre a empresa, se a mesma realiza algum trabalho social, paga seus impostos em dia e preocupa-se com o meio ambiente do trabalho de seus empregados, isto é, qualidade de vida dos mesmos e outras informações relevantes.

Outro ponto importante é observar a quantidade de resíduos que você produz. Compre somente a quantidade de alimentos que você e sua família são capazes de consumir, pois evitando o desperdício, você estará reduzindo o volume de resíduos produzidos. Além disso, ao comprar alimentos industrializados, é válido escolher aqueles produtos que utilizam embalagens que serão retornáveis ou recicláveis. Ah! E sempre se lembrando de levar uma bolsa de casa, para evitar o uso de sacos plásticos.

Fazer a coleta seletiva é fundamental, pois é o primeiro passo para a reciclagem. E para quem se habilita, é possível reciclar todos os resíduos orgânicos através da compostagem. Contudo, se você refletir antes de produzir um resíduo, deixando de produzi-lo, o benefício será muito maior para todos nós.

A questão do transporte também deve ser lembrada. Sempre que possível, dê preferência para meios de transporte que sejam públicos e coletivos, como metrô, ônibus e outros. Se tiver carro, dê carona para os seus colegas de trabalho, familiares e amigos e evite usá-lo todos os dias. Andar de bicicleta e a pé são excelentes maneiras de entrar em forma, se locomovendo ecologicamente, ao mesmo tempo.

O uso da água é outro assunto de muita relevância. Não se esqueça de fazer o uso racional desse recurso que já é escasso em muitas regiões do planeta! Ao invés de usar mangueiras para limpar calçadas, utilize a vassoura e um balde de água. Não desperdice água ao fazer a sua higiene diária, ao tomar banho, escovar os dentes, lavar o rosto e etc.

Quanto ao consumo de energia elétrica, lembre-se sempre de desligar da tomada aqueles equipamentos eletrônicos que não estiverem em uso. Já existem opções de equipamentos que consomem menos energia e água, portanto dê preferência aos mesmos quando for adquirir algum eletrodoméstico ou equipamento eletrônico. Privilegie a iluminação natural dos ambientes e evite o uso de aquecedores e ar condicionados. Você também pode usar as escadas no lugar do elevador e fazer exercício preservando o meio ambiente.

Procure saber se no seu ambiente de trabalho são adotadas práticas ambientais. Em caso negativo, comece a observar se as impressões são feitas em ambas as folhas de papel, se é realizada coleta seletiva, qual é o destino de papéis e recicláveis e assim por diante. Monte um grupo de trabalho para isso, se necessário. E incentive seus colegas a utilizarem copos não descartáveis.

Faça trabalhos voluntários. É bom para você e excelente para quem recebe a ajuda! Redes sociais são essenciais para difundir boas práticas e informações úteis. Procure sempre se informar sobre a questão ambiental e sobre dicas que possam ajudar a reduzir os impactos ambientais que você produz. Jornais, livros, revistas, sites e blogs podem ser fontes valiosas de informações! E sempre passe aquilo que você aprendeu para adiante, divulgue seus conhecimentos, ensine o que você sabe para amigos, familiares, namorados, colegas de trabalho...

O melhor é ficar à vontade para desenvolver as suas próprias práticas ecológicas!

fonte: ecomeninas.blogspot.com

terça-feira, 5 de julho de 2011

Dois problemas e uma mesma solução

Erguer habitações populares de maneira responsável pode resolver não somente a falta de moradia como também o impacto ambiental causado pelas obras

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que o déficit habitacional no Brasil chega a quase 8 milhões de unidades. Mas essa pode ser uma boa notícia. Com o empenho dos governos em reduzir significativamente tal número, cresce a chance de o país se tornar um exemplo em construções de interesse social com baixo impacto no meio ambiente.

Soluções tecnológicas que permitam agrupar os dois temas já são conhecidas há décadas. "Existem pesquisas reunindo moradias populares, eficiência energética e redução no consumo de água durante a construção e na fase de ocupação do imóvel", diz Maria Augusta Justi Pisani, professora de pós-graduação na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Ela também cita trabalhos relacionados ao uso de peças pré-moldadas, capazes de baratear e agilizar a obra. O problema reside no fato de esses estudos encontrarem pouca ressonância em estados e municípios. Em 2009, por exemplo, o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) e a Caixa Econômica Federal (CEF) criaram um concurso para destacar propostas de interesse social focadas em sustentabilidade. Venceram projetos em Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo. Até o momento, nenhum saiu do papel.

Cabe agora aliar diretrizes públicas ao cuidado com o meio ambiente e a soluções de mercado. "Muitas experiências comprovam a eficácia de metodologias já disponíveis, mas precisamos achar uma maneira de reproduzi-las em escala grande o suficiente para reduzir o custo", diz Maria Augusta. "Elas ainda são caras e o mercado resiste em adotá-las por não saber como obter lucro", aponta. Por esse motivo, há décadas segue-se um padrão equivocado. "Infelizmente, desde os anos 70, as moradias populares são modelos de construções mal planejadas e mal-acabadas, que privilegiam a quantidade. Dezenas de conjuntos habitacionais foram levantados da mesma forma, sem considerar aspectos bioclimáticos, de conforto ambiental e de eficiência energética", resume o engenheiro Marcelo Takaoka, do Centro Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), sediado na capital paulista.

Como solução, os especialistas recomendam incluir as casas populares verdes nas políticas de estado a fim de garantir ações coordenadas. Atualmente, há uma preocupação crescente com a normatização de itens como tijolos, blocos, telhas, tubulações, componentes elétricos e hidrossanitários, mas isso se deve mais a critérios de licitação do que propriamente à consciência ambiental. Além do mais, quesitos menos relacionados à unidade habitacional, como a atenção ao entorno, não são contemplados na maioria dos projetos. Como se vê, o caminho ainda é longo - mas nem por isso impossível de percorrer.

CONJUNTOS HABITACIONAIS VERDES

• Desde 2007, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), do Estado de São Paulo, vem implantando técnicas construtivas e tecnologias amigas do planeta. O projeto Serra do Mar deve atender a 7 580 famílias removidas de locais de proteção ambiental em Cubatão, SP. Ao todo, serão 5 mil novas unidades, 1 800 delas já entregues. Há versões destinadas a idosos e deficientes físicos.

Todas têm janelas maiores que o padrão, a fim de incrementar a ventilação e a entrada de luz natural nos ambientes. Além disso, contam com aquecimento solar para os chuveiros e medidores de água individualizados, boa pedida de economia - uma vez que cabe a cada usuário controlar o valor da conta.




Outras medidas são os telhados pintados de branco, que refletem o sol e geram conforto térmico, o emprego de materiais regionais para diminuir a necessidade de fretes e a redução do uso de madeira.

• A exemplo de países da Europa, dos Estados Unidos e do Japão, o Parque do Gato adota o aluguel social - oferece pequenos apartamentos que servem de abrigo transitório para moradores em situações de risco até que eles consigam trabalho e possam financiar um teto definitivo. "O projeto é dos mais sustentáveis", diz a professora Maria Augusta Justi Pisani, sobre a iniciativa da prefeitura de São Paulo. "Ele retira pessoas de uma condição desfavorável, mas as mantém nas redondezas, com opção digna de moradia." Infelizmente, a proposta que recebeu ex-habitantes da favela do Gato, às margens do rio Tietê, segue incompleta oito anos após seu início: parte da iniciativa previa pequenos quiosques, usados para geração de renda, que não foram adiante. O incentivo para o envolvimento dos usuários com políticas comuns em prol do condomínio também foi descontinuado. Apesar dos problemas, os blocos exibem um desenho atual, onde o térreo livre favorece a circulação. Os apartamentos são arejados e contam com medidores de água e gás individuais.


 



• Dois outros projetos em favelas de São Paulo exibem apelo verde. Em um conjunto habitacional da Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab), em Paraisópolis, os apartamentos contam com janelas de alumínio que permitem abertura de 100% do vão para iluminação e ventilação, aquecimento a gás no chuveiro, telhado branco de aço pintado e revestimento de quartzo na fachada, cujo uso requer baixa manutenção e elimina a argamassa externa. E, em Heliópolis, há um estudo para adequar o conjunto habitacional Heliópolis H às exigências do selo Casa Azul, da CEF. O condomínio leva a assinatura do arquiteto Hector Vigliecca.

• No Rio Grande do Sul, novos conjuntos populares, em Pelotas e Bagé, adotaram o uso de pneus na composição da rede de esgoto e águas pluviais. São os ecotubos, ideia do arquiteto gaúcho Fernando Caetano. Ele concebeu uma tecnologia que obtém manilhas para esgotamento hídrico resultantes da prensagem da borracha de pneus usados. Na versão tradicional, de cimento, 1 m de tubo custa cerca de R$ 120. Na versão ecológica, 1,50 m sai por R$ 8. "Normalmente os pneus são queimados nos fornos das indústrias de cimento e liberam carbono preto. Com essa técnica, além de economizar recursos que seriam utilizados na confecção da tubulação tradicional, dá-se um fim a um produto que demora 500 anos para decompor naturalmente", justifica Fernando.

• Em Sacramento, no Triângulo Mineiro, a sustentabilidade vai além do apelo ecológico: um projeto, desenvolvido por uma ONG local, oferece oportunidade de trabalho para 45 pessoas em situação de vulnerabilidade social, como presos em regime semiaberto e dependentes químicos. O grupo fabrica tijolos de solo-cimento (que dispensam queima em forno), empregados posteriormente na construção de casas erguidas em mutirões comunitários. Como pagamento mensal, cada funcionário recebe um salário mínimo e uma cesta básica, e, no caso dos detentos, redução da pena. No primeiro ano (2008), os tijolos foram suficientes para compor 370 moradias, número que resolveu 92,5% do déficit habitacional da cidade, onde vivem 22 mil pessoas. A iniciativa agora está sendo aplicada em Uberlândia, MG.

PRÊMIO RECONHECE INICIATIVAS SUSTENTÁVEIS
Em outubro passado, a CDHU e o IAB-SP divulgaram os vencedores do concurso Habitação para Todos - Concurso Nacional de Projeto de Arquitetura de Novas Tipologias para Habitação de Interesse Social Sustentáveis. Os premiados em seis categorias deverão ter as propostas utilizadas na construção de novos conjuntos populares no estado de São Paulo. Um dos destaques (Edifícios de Quatro Pavimentos) coube ao escritório paulistano Tryptique, autor dos predinhos avarandados com espaço para comércio, maneira de gerar renda na própria comunidade. Na modalidade Casas Térreas, mereceu atenção máxima do júri a proposta assinada pela equipe do 24.7, de Campinas, SP. Os arquitetos bolaram moradias que se adaptam a diferentes formatos de famílias e permitem a customização da fachada sem descaracterizar o condomínio.


BOAS PRÁTICAS
Apesar de o cenário não parecer animador, pequenas iniciativas apontam para um futuro mais verde e com maior qualidade de vida.

• Em junho de 2009, a Caixa Econômica Federal (CEF) lançou o selo Casa Azul, que qualifica projetos de habitação segundo critérios como o uso racional de recursos naturais. Para se candidatar, os empreendimentos devem atender a condições impostas em uma cartilha do banco, que divide as propostas em categorias Ouro, Prata e Bronze. O selo, no entanto, não favorece o crédito.

• Uma lei municipal de 2007 obriga todas as novas construções de São Paulo a tirar proveito do aquecimento solar para esquentar pelo menos 40% da água que consomem. A medida abrange moradias com quatro banheiros ou mais, pontos comerciais e indústrias. Outras 15 cidades no estado, segundo a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), adotaram práticas semelhantes. As casas do projeto Minha Casa Minha Vida também serão entregues com coletores.

• Outro acordo, este estadual, prevê que toda madeira comprada para atender a uma obra pública paulista tenha certificado de origem e manejo. Consultar no site
www.ambiente.sp.gov.br/MadeiraLegal.

Fonte: Revista Arquitetura & Construção